quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Raiz e o Pássaro.

A raiz viu um pássaro e nela se acendeu a vontade de ser livre.
A raiz que sempre foi firme, entranhada na terra, como poderia ser livre?
O pássaro estava ali e era tão bonito, voava e pousava nela quando sentia vontade, batia as asas e partia do mesmo jeito que chegava, livre sempre livre.
A raiz aos poucos foi se apegando ao pássaro, admirava aquele ser despojado das  amarras que prendiam suas raízes.
Ela cada vez mais  raiz, ele cada vez mais pássaro.
Pensou em se declarar, pedir pra ele ficar e voar sempre por perto.
Quando o pássaro voltou a raiz indignada questionou a demora dos seus voos, o pássaro não gostou disse que não tinha tempo para aquilo, e que a raiz não deveria se preocupar, que não tinham motivos para ela se apegar tanto assim.
A raiz ficou triste, pq ele não compreendia a falta que ela sentia.
Ele não via o quanto ela ficava feliz toda vez que o pássaro chegava e contava suas histórias, ela via o mundo de possibilidades através dele, um mundo que ela não conhecia.
O pássaro se foi, prometendo voltar um outro dia e nunca mais pousou naquela árvore.
A raiz a cada dia que passa se enterra mais, cada vez mais firme e mais bonita. Aprendeu que as amarras que a prendem são suas próprias histórias, sua vida, seus laços de afeto. Que nunca poderia se tornar pássaro, pois tudo que estava mais perto dela era muito mais importante. Ela era simplicidade, não havia mistérios no que estava enterrado em suas raízes, e agora toda vez que um novo pássaro pousar naquela árvore ouvirá as coisas da terra que a raiz agora conta, as suas próprias história!

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